Não sei se alguma vez já vos aconteceu, mas acho que é daquelas coisas que acontecem a todos, o vazio! Dependerá, contudo, da melancolia inata de cada um, a dose de vazio a que cada qual se submete e a quantidade de tempo que o deixa reinar. E de que vazio falo eu? Pois, será um vazio “cá dentro” que se torna cruelmente frio e aterradoramente físico. É acordar todos os dias com vontade de não ter acordado, automatizar-me a cada dia e dar cada passo sem pensar para onde vou, porque vou ou se alguém me espera no meu destino. É deixar que por umas horas, um dia, vários dias, meses e até anos o meu corpo e a minha mente não funcionem em conjunto, aliás, que apenas o meu corpo me guie e a minha mente esteja ausente, perdida num qualquer limbo. E eu sinto que metade de mim está perdido e tento encontrar-me e tanto a ausência de mim como a procura magoam-me. E de cada vez que tento viver algo que sei que me faria bem cá dentro, sinto como que agulhas finíssimas me cravassem a pele porque a alma não está cá!
Hoje não me sinto vazio. Há mais ou menos um mês, encontrei-me, tão inesperadamente como quando encontramos um velho amigo, há muito perdido. Com a ajuda preciosa de verdadeiros amigos, que me souberam guiar, empurrar, apoiar e abraçar das mais variadíssimas formas, parti. E parti sozinho, encostado ao vazio que sempre me acompanhou. Procurei outros pores-do-sol que os meus sentidos ainda não conhecessem e encontrei-os, mas foi num movimento de mar que ainda não conhecia que consegui finalmente ver-me espelhado, encontrar-me. Nunca esquecerei este momento, por muitos anos que viva, nunca esquecerei como este mar me ajudou a virar uma página na minha vida e como, no mesmo momento gritei “aqui estou eu”. Nunca esquecerei que foi aquele mar que me entregou a mim mesmo e me deu a possibilidade de dizer adeus, regressar e viver tudo de uma forma tão nova.
3 comentários:
o vazio é como dizes " é daquelas coisas que acontecem a todos"! mesmo que estejamos rodeados por todos e mais alguns, tenhamos muito que nos ocupe ha momentos em que a nossa vida nao parece ter rumo, nem direcção... não sabemos exacto o que fazemos, onde estamos, porque estamos e quem são estes que nos rodeiam? é um não saber quem somos, é um continuar sem saber para onde nem como, é ir por ir e chorar por tudo,por nada sem saber porquê!
até que volta a nós o eu,que mesmo por pouco tempo nos mostra as respostas! é um ciclo...
eu sei k essa mais que ausência, irá voltar, e que o nosso eu se perderá muitas mais vezes, só espero que nós não nos perdemos um do outro!
BeiJoana
Por vezes inesperadamente o vazio invade-nos. É normal, natural e apenas nós próprios o podemos combater. Deixando entrar dentro de nós:
1º - Nós próprios
2º - Tudo o que nos faz bem e nos recusamos a aceitar
3º - Porque só preenchidos, poderemos dar algo áqueles que amamos e com eles nos preencher ainda mais
R.C.
Fiquei muito feliz quando me disseste e ainda continuo feliz por saber que te reencontraste.
Espero que este reencontro te preencha por dentro da mesma forma que o meu precoce reencontro de há cerca de onze anos atrás me preencheu. Fez o que sou hoje.
Beijinhos
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