20 de fevereiro de 2008

Aeróstato


Nas últimas 48 horas trabalhei 32, não dormi antes nem durante e o dormir depois está a afigurar-se um tormento. Comer, não consigo, doí-me o estômago, tenho comido o essencial para não cair para o lado. Enfim, chegou o momento de lavar a cara e o corpo e enxaguar a alma. Chegou a hora em que tenho tempo para mim, em que tenho tempo para deixar de olhar à minha volta. Chegou a hora de me agarrar àquela corda pendurada de um qualquer aeróstato de resgate com destino desconhecido. Chegou a hora de me afastar do epicentro sísmico em que se transformou a minha vida. Chegou a hora de fugir.

12 comentários:

Anónimo disse...

Não fujas de mim, por favor!
Não aguento mais este tormento!
Sei que errei em muita coisa e que este não era de longe o momento mais correcto para te criar mais problemas...
Não sei mais o que te dizer nem o que fazer.
Será que tudo o que faço é errado?

Renato Miguel Araújo disse...

Não, nem tudo o que fazes é errado, aliás, como te disse, não havia nada em ti que me desiludisse. Mas, depois de tudo o que aconteceu, depois do que disse e ouvi, depois do que tenho passado nos últimos dias, não sei até que ponto valerá a pena não fugir.

Anónimo disse...

Vale sempre a pena não deixar morrer algo tão forte e único.
Isto é o que sinto, sem rodeios, sem véus, simples e cru.
Sei que o que sinto por ti é verdadeiro, ou não me estaria a sentir da forma que estou.
Não tenho outra forma de te mostrar o que sinto, o que quero, é a minha forma desajeitada de o fazer...
Também não te posso "forçar" a aceitar isso...

Renato Miguel Araújo disse...

Muito bem, de qualquer modo aqui não é sitio para lavar roupa suja. Sabes onde estou.

Anónimo disse...

Vamos apenas à parte do trabalho... Na semana passada também estive assim. Em 3 dias dormi um total de 6 horas (acho que foi isso), uma fartura. Ainda me estou a recompor!
Parecia uma maluca, sempre que começava a quebrar começa a olhar para as palavras e a dar-lhes conotação monetária. Digam o que disserem, nesta sociedade movida a dinheiro, passamos também a ser movidos por ele.
Estive sempre em casa (trabalho em casa) para que consiga dar ao meu filho a atenção e acompanhamento que exijo que lhe seja dado, mas com a semana louca que tive até ele se sentiu. Felizmente é muito muito raro. Jurei nunca mais aceitar um prazo tão curto.

Fica bem, um beijinho muito grande.

P.S.- Tenho 28 e sou do mesmo signo que tu. Deve ser por isso que te acho parecido comigo ou vice-versa. Dizes o que pensas, o que queres, quando te apetece, tens os pés bem assentes na terra, és "egoísta" (também o sou, mas agora com o meu filho, é o bem estar dele primeiro que tudo e que todos, pouco importa o que tenho de fazer para que ele esteja bem). Eu sou de uma exigência terrível embora não exija mais aos outros do que exijo a mim mesma e não consigo entender a filosofia da maior parte dos seres ao cimo da terra. Ou muito me engano ou até nisso somos parecidos.
Ainda estou para saber porque há tanta gente que não nos entende preferindo viver em mundos de fantasia...

Ups... Parece que vim para aqui falar de mim, desculpa.

Bj

Renato Miguel Araújo disse...

Luz, estavas a falar de ti? de mim?! Enfim, parece que somos realmente parecidos.
Sendo o teu filho um prolongamento de ti, o ser egoísta pondo o filho à frente de tudo não é muito diferente de ser egoísta e achar um dos nossos braços, ou os dois, os mais perfeitos do mundo! Fiz-me entender? lol

Quanto ao trabalho, dizem que dá saúde! Não acho, de boa vontade não trabalhava. E isso de ver em cada palavra alguns cêntimos, sei bem o que isso é, mas normalmente até me motiva, a cada palavra traduzida fico sempre um bocadinho mais rico!

Só digo tretas, vou mas é dormir!

nadia disse...

Espero que tenhas conseguido encontrar o teu "sono", finalmente. Eu vou encontrando o meu. Beijinhos

Renato Miguel Araújo disse...

Olá Nádia!
Não encontrei o meu "sono"! A verdade é que nem fugir consegui! Acho que mergulhei ainda mais no olho do furação que, na verdade, é onde me sinto mais eu!
Como disse no teu blog, é tudo uma questão de vontades.

Anónimo disse...

Sim, entendo claro.
Mas o nosso "egoísmo" não é entendido por muitos...

O trabalho não me tem dado muita saúde, muito pelo contrário. É mesmo isso, palavras são dinheiro. Mas arrependi-me de ter aceite este último trabalho, mas por outro lado quando olho para a conta... Enfim.

Jinhos

Anónimo disse...

Gostava de te fazer uma pergunta:
Trabalhas com TRADOS?

Gostava de encontrar alguém que soubesse mais de TRADOS que eu...

A maior parte dos clientes exigem o dito. Com boas memórias aquilo é porreiro, mas se a memória é uma treta...

Beijinho

Renato Miguel Araújo disse...

Não Luz, não trabalho com TRADOS! Já tentei, há uns anos, mas não deu muito certo.

Anónimo disse...

Não gosto nada...

Obrigada.

Beijinho

P.S.- Tenho lá mais uma que me aconteceu hoje