23 de junho de 2011

Precisava

Precisava que se abrisse uma porta, uma janela, um túnel com uma luz lá bem no fundo. Precisava ser outro porque, sendo quem sou, não preencho os espaços que o passado deixou vazios e completo espaços que não são meus.

Incomodam-me a debilidade dos outros e não suporto fraquezas, talvez porque me julgue forte, talvez porque tenha aprendido a vencer a pulso.

Olho à minha volta e percebo que nunca tive tanto mas percebo, também, que ainda tenho uma vida de conquistas pela frente. Não posso aceitar grilhões a sonhos que me propus, isso nunca… posso apenas deixar tudo em banho-maria. E olhando à minha volta, percebo que tudo o que tenho é nada porque tudo passa a nada quando não se vive inteiramente as conquistas de uma vida.

Precisava que se abrisse uma porta, uma janela, um túnel com uma luz lá bem no fundo e eu pegava na mão de quem amo e fugia para sempre. E se a porta fosse pequena, fundir-nos-íamos num só, se a janela fosse alta, voaríamos juntos e se o túnel fosse longo demais, pegava-te ao colo sempre que te cansasses.

E se se abrisse uma porta, uma janela, um túnel com uma luz lá bem no fundo só precisava de saber que virias comigo.

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