6 de agosto de 2007

O fim do teu amor


Escureço na insipidez
Do olhar morto que me deitaste
E tudo eu sou trevas e maus agouros
Todo eu esmoreço e desmaio
E caio na profunda languidez
Da certeza de não me amares como amaste

Tento beijar-te uma última vez
E os teus lábios encostados aos meus
Secos, quietos, sem vida
Atiram-me ao pranto seco do abandono

Já não sou teu
Já não estremeces nos meu braços
E as lágrimas que me humedecem o rosto
São para ti lágrimas de um estranho
De quem não entendes a dor

É tua esta dor
É teu este abandono
E teu este sofrimento
São tuas estas lágrimas
Porque foste tu que os ergueste
Nos alicerces de um amor que mataste
Um amor que julgava eterno
Que me juraste verdadeiro

Serei para sempre teu
Foi nos teus braços que me construí
E nos meus que te entregaste
Em tudo fomos um
E um eram o teu e o meu amor

E ainda que tudo tenhas enterrado
Continuas a ser um pedaço de mim
Perdido naquele desmaio, naquela morte
O fim do nosso amor.

7 comentários:

Anónimo disse...

Se bem te conheço, sei que não escureces no olhar de ninguém porque o teu olhar é mais forte que o de todos! E sei que as tuas dores são só tuas porque és estóico na solidão do teu sofrimento!

Anónimo disse...

Eu não te conheço, mas, há muito tempo, conheci o desespero; o tempo, agradevelmente, apagou-o. O desespero é eliminado; enquanto dura, torna-se belo nas tuas palavras.

Renato Miguel Araújo disse...

Obrigado Paulo!
Efectivamente, nem tudo o que escrevo é sentido, por vezes é apenas fingido, mas este desespero, que pelos vistos te é familiar, está-me gravado na pele, na alma e nas palavras.

Noemia Hime disse...

Noemia Hime

Adorei a poesia "O fim do teu amor "
é muito bonita. Vá em frente Renato o blog está ótimo !!!

Anónimo disse...

Olá...
Muito eu gostaria de saber que desespero é esse que te está gravado na pele, na alma e nas palavras...

Padeço eu do mesmo mal? Ou de outro desespero, quem sabe, e já lá vão 17 meses... O tempo não o apaga, ou ainda não conseguiu.

Um beijo, molhado como o oceano e carregado de sal e tempero.
J.P.

Anónimo disse...

Liiiiiiiiindo o teu poema!Não sei pq mas sinto o mm qd o lei-o.pq é que temos de sofrer tt?....obrigada por seres quem és e seres meu Amigo. Adoro-te.
Beijos

Renato Miguel Araújo disse...

Querida amiga, coisas há que não se agradecem e a amizade será uma delas. Sou teu amigo porque nos merecemos e porque uma lágrima tua ou um sorriso meu têm o mesmo valor!
Nem imaginas as barbaridades e as coisas bonitas que já li sobre este meu poema...Enfim, mentes e corações que desconhecem o valor de um verdadeiro amigo e mentes e corações que reconhecem o amor num desconhecido!