28 de julho de 2007

Cheiros



Procuro o teu cheiro
No meio do meu
Que por crime ou pecado
Inundou e poluiu o teu.

Procuro o teu cheiro
Cheiro que me dá prazer
Que me provoca desejo
Deixa-me louco
E eu amo tanto, tanto

Encontro o teu cheiro
E amarro-o
Amarro-te a mim
E amo-te
Amo-te
E amar-te-ei até o nosso cheiro ser
Um



Cheiros... Porque o cheiro faz farte de cada um de nós e porque cada um de nós é único. Grande parte das recordações que tenho estão associadas a cheiros. Lembro-me do cheiro a 'belharacos' na véspera de Natal, e das papas de abóbora uns dias antes ou uns dias depois. Lembro-me do cheiro da casa da minha mãe, uma mistura de carinho, praia e água do mar. Lembro-me do cheiro que tinham os meus sobrinhos, nas primeiras vezes que os abracei, um cheiro suave e cheio de um sentimento que não consigo explicar.
Lembro-me do cheiro das pessoas que amei, e estes cheiros, sempre que os sinto causam-se um arrepio tão profundo que diria que, de cada vez que acontece, trespassa-me o espírito daquele amor que morreu…
É estranha esta coisa dos cheiros! Cheguei à conclusão de que um amor é realmente consumado e efectivo quando o cheiro de cada um de nós passa a ser um, quando a minha cama deixa de ter o meu cheiro e passa a ter o nosso cheiro, quando ao entrar na tua casa me sinto a entrar na minha, quando todos estranham o meu cheiro porque está inebriado pelo teu!

5 comentários:

Anónimo disse...

Os cheiros... Impressões produzidas nos orgãos olfactivos pelas partículas odoríferas emanadas dos corpos...
Recordações sensoriais...

Recordo-me do teu cheiro... Sempre que me beijavas, essa boca limpa tinha algum misto de cheiro e sabor a tabaco; agradável para mim, mas que não divulgava.

Saudades desse tabaco que eu reprimia, mas que se misturava num outro cheiro "Fahrenheit" que eu possuia e que em nós se misturava.

A propósito do tabaco, dedico-te hoje um poema... FUMO:

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobresinhos,
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram,
Há crisântemos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Renato Miguel Araújo disse...

É verdade! E o teu é um dos cheiros que me estão gravados na memória, e cá há-de permanecer! Quanto ao fumo... há meio ano que tento ser não fumador!
Adorei o poema!

Anónimo disse...

Ainda sobre os cheiros...
O teu...
Esse que emanavas... Não era apenas tabaco; este último era um toque suave de outros cheiros só teus e muito mais intensos que me marcaram até à raíz mais profunda, lá onde eu vou buscar a minha água vital. Aquela que mantém o meu ponto de turgescência ( a vida).

Felicito-te por esse meio ano de não fumador!!! Viva!!! Mais um motivo de felicidade.

Poemas... Coisas dignas de ser cantadas em verso... Poemas, poderia eu recitar-te todos os dias... Cantando-os, com enredo e acção...

Ainda bem que gostaste!

Anónimo disse...

Como te compreendo... Quando me esqueço dos outros, sinto-me tentada a dizer que o cheiro é o mais forte dos sentidos... Quantas vezes nos apaixonamos por um cheiro... não apenas pelo perfume... mas pela mistura. E como é arrepiante voltar a cheirar o perfume de alguém que o tempo nos roubou!

Unknown disse...

Ola!Ola!Sabes ao que é que me cheira??
A saudade...ha churrascada na costa nova todos os anos em agosto!!Beijos