30 de junho de 2011



‎"Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos."
William Shakespeare (1564-1616)

E eu pergunto-me... teremos assim tanto, ou melhor, faltar-nos-à assim tão pouco? Ok, acredito que às vezes devia aproveitar um bocadinho mais do pouco que tenho, mas na verdade estou aqui mesmo para chegar ao muito que me falta... e ultimamente tem-me faltado muito.

29 de junho de 2011



No hay ningún viaje malo, excepto el que conduce a la horca.
Miguel de Cervantes...

Eu até gosto de viajar, mas não sei se acredito nesta frase. Primeiro porque já tive viagens realmente más, talvez não tão más como o caminho para a forca mas, de qualquer modo, francamente más (e entenda-se que viajar é, sem dúvida nenhuma, o que mais gosto de fazer na vida). Depois, existe a carga semântica da palavra viagem. Quando entendida num sentido mais lato, viagem é muito mais que ir de um sítio ao outro. Vejamos:

viagem
(provençal viatge, do latim viaticum, -i, provisões ou dinheiro para a viagem)
s. f.
1. O acto! de transportar-se de um ponto a outro distante.
2. Mar. Navegação, travessia.
3. Percurso efectuado!.
4. Relação escrita dos acontecimentos ocorridos numa viagem e das impressões que ela causou.
5. Infrm. Estado alucinatório provocado pelo consumo de certas drogas.

Pensando em "percurso efectuado" a vida e todos os momentos que nela vão passando não são mais que viagens dentro da grande viagem e acredito piamente que alguns desses percursos seriam bem mais aliviados se soubéssemos que no fim do caminho estaria a forca.

27 de junho de 2011

Conversa com uma galega que o mundo tende a achar louca e onde eu encontrei uma amiga ocasional (ainda estou para discernir este termo – amiga ocasional)

Ela: Oye, y ¿cómo está todo ahora? Me pareces mejor, pero uno nunca sabe… ¿Esos problemillas que tenías han pasado?

Eu: Bueno, primero no fueron problemillas, fueron problemas de verdad y luego, nena, pasar nunca pasan, pero la verdad es que me siento mejor, creo que un día todo se arreglará.

Ela: ¿Sabes qué? Para ser feliz tienes dos posibilidades – o cambias la realidad o bajas las expectativas.

Eu: No me jodas… Cambiar la realidad solo si lo dejo todo, si me hago las maletas y me voy a vivir a Argentina. Y bajar las expectativas… ¡ni sé cómo hacerlo!

Ela: Piénsalo… si bajas las expectativas todo de arregla.

Eu: ¿y si no tengo más expectativas que bajar?

Ela: Te jodes y te vas a Argentina a bailar el tango en la acera y vivir de unas monedas que te echen.

Será mesmo verdade? Baixar as expectativas ou mudar a realidade? Tenho pensado nesta conversa frequentemente e, na verdade, faltam-me argumentos que a contraponham!

23 de junho de 2011

Precisava

Precisava que se abrisse uma porta, uma janela, um túnel com uma luz lá bem no fundo. Precisava ser outro porque, sendo quem sou, não preencho os espaços que o passado deixou vazios e completo espaços que não são meus.

Incomodam-me a debilidade dos outros e não suporto fraquezas, talvez porque me julgue forte, talvez porque tenha aprendido a vencer a pulso.

Olho à minha volta e percebo que nunca tive tanto mas percebo, também, que ainda tenho uma vida de conquistas pela frente. Não posso aceitar grilhões a sonhos que me propus, isso nunca… posso apenas deixar tudo em banho-maria. E olhando à minha volta, percebo que tudo o que tenho é nada porque tudo passa a nada quando não se vive inteiramente as conquistas de uma vida.

Precisava que se abrisse uma porta, uma janela, um túnel com uma luz lá bem no fundo e eu pegava na mão de quem amo e fugia para sempre. E se a porta fosse pequena, fundir-nos-íamos num só, se a janela fosse alta, voaríamos juntos e se o túnel fosse longo demais, pegava-te ao colo sempre que te cansasses.

E se se abrisse uma porta, uma janela, um túnel com uma luz lá bem no fundo só precisava de saber que virias comigo.