10 de dezembro de 2007


Caríssimos, deixo-vos aqui o final do POEMA DOBLE DEL LAGO EDEN de FEDERICO GARCÍA LORCA in POETA EN NUEVA YORK, sem razão, ou simplesmente porque sim.

Pintura de Eduardo Naranjo


(...)
Quiero llorar porque me da la gana,
como lloran los niños del último banco,
porque yo no soy un hombre, ni un poeta, ni una hoja,
pero sí un pulso herido que ronda las cosas de otro lado.

Quiero llorar diciendo mi nombre,
rosa, niño y abeto a la orilla de este lago,
para decir mi verdad de hombre de sangre
matando en mí la burla y la sugestión del vocablo.

No, no. Yo no pregunto, yo deseo.
Voz mía libertada que me lames las manos.
en el laberinto de biombos es mi desnudo el que recibe
la luna de castigo y el reloj encenizado.

Así hablaba.
Así hablaba yo cuando Saturno detuvo los trenes
y la bruma y el Sueño y la Muerte me estaban buscando.
Me estaban buscando
allí donde mugen las vacas que tienen patitas de paje
y allí donde flota mi cuerpo entre los equilibrios contrarios.

19 de novembro de 2007

Obrigado!

Eu prometi que te diria isto assim: bem fundo nos olhos, e contigo bem nos meus braços... E foram muitas as vezes que o quis dizer mas tive medo, talvez de não ouvir de volta, talvez de que seja cedo demais, mas o certo é que nunca me senti assim, nunca fui tanto de ninguém, nunca antes senti esta vontade parva de dizer a alguém como te digo agora aqui (e digo-to aqui, porque o que está escrito fica gravado para sempre) Amo-te.

18 de novembro de 2007

The Blue Ocean

Ora aqui está uma forma legítima de divulgar a bela da cultura popular portuguesa lá nessa terra longe a que se chama "estrangeiro"! E como não, há que cantar em "estrangeiro" para que o "estrangeiro" entenda!!!

O meu comentário pessoal... MEU SÃO CRISTINHO VAREIRO, AJUDAI-NOS!

(Maria Manuel, obrigado pela dica!)

31 de outubro de 2007

Este post é especialmente para a Rute e o Damásio:

Vou agora a caminho da cozinha preparar uma pasta, não de atum, mas de camarão! A base é a mesma, só muda o bicho! Quereis um cadito?

Que saudades dos nossos almoços, lanches e jantares abusivamente calóricos!

29 de outubro de 2007

Provérbio provençal:

"A liberdade mata os maus casamentos e alimenta os grandes amores."

Gostei, porque será?
Encontrei-me, melhor, redescobri-me e, a partir daqui, ou desde então, tento e tenho de me reescrever numa verdade que não era minha, ou talvez fosse e eu a desconhecesse.
Sei que me encaro, que olho no espelho e reconheço o homem que o meu passado construiu e sobretudo, um homem de bem com tudo o que me fez, todo o bom e todo o mau.
O bom destes encontros connosco mesmos é o prepararem-nos como a terra que se amanha antes de uma sementeira. E assim, arado e exposto aos elementos, fui apanhado de surpresa por um certo sentimento que, juro, não consigo definir.
Chega a ser hilariante (por ser quase bíblico, e quem me conhece entende o paradoxo), porque se “no princípio era o verbo”, também numa frugal troca de palavras se foram descobrindo, ou melhor, sonhando possibilidades infinitas. Depois tudo se confirmou… no primeiro beijo, na ternura dos abraços, no desvendar de segredos e principalmente (outra vez) no verbo, nas palavras de significados quase fantásticos, que foram sendo ditas (aliás, mais enviadas, ao estilo “geração polegar”, via sms).
Enfim, depois de me ter tornado o mesmo homem de sempre, mas reconciliado com o que sou, encontro-me tão feliz como não me lembro ter sido, principalmente porque acho que encontrei alguém que me abraça, me protege, me embala e me quer, enfim, alguém que quero abraçar, proteger, embalar, alguém que quero.

Palavras ditas que continuam:

…Adoro-te, fazes-me estar em sítios onde nunca estive e quando te sinto nos meus braços, o mundo começa e acaba nesse momento, e o teu cheiro é todo o ar que preciso de respirar… Um beijo cheio de mim. Renato

28 de outubro de 2007

Vazio


Não sei se alguma vez já vos aconteceu, mas acho que é daquelas coisas que acontecem a todos, o vazio! Dependerá, contudo, da melancolia inata de cada um, a dose de vazio a que cada qual se submete e a quantidade de tempo que o deixa reinar. E de que vazio falo eu? Pois, será um vazio “cá dentro” que se torna cruelmente frio e aterradoramente físico. É acordar todos os dias com vontade de não ter acordado, automatizar-me a cada dia e dar cada passo sem pensar para onde vou, porque vou ou se alguém me espera no meu destino. É deixar que por umas horas, um dia, vários dias, meses e até anos o meu corpo e a minha mente não funcionem em conjunto, aliás, que apenas o meu corpo me guie e a minha mente esteja ausente, perdida num qualquer limbo. E eu sinto que metade de mim está perdido e tento encontrar-me e tanto a ausência de mim como a procura magoam-me. E de cada vez que tento viver algo que sei que me faria bem cá dentro, sinto como que agulhas finíssimas me cravassem a pele porque a alma não está cá!
Hoje não me sinto vazio. Há mais ou menos um mês, encontrei-me, tão inesperadamente como quando encontramos um velho amigo, há muito perdido. Com a ajuda preciosa de verdadeiros amigos, que me souberam guiar, empurrar, apoiar e abraçar das mais variadíssimas formas, parti. E parti sozinho, encostado ao vazio que sempre me acompanhou. Procurei outros pores-do-sol que os meus sentidos ainda não conhecessem e encontrei-os, mas foi num movimento de mar que ainda não conhecia que consegui finalmente ver-me espelhado, encontrar-me. Nunca esquecerei este momento, por muitos anos que viva, nunca esquecerei como este mar me ajudou a virar uma página na minha vida e como, no mesmo momento gritei “aqui estou eu”. Nunca esquecerei que foi aquele mar que me entregou a mim mesmo e me deu a possibilidade de dizer adeus, regressar e viver tudo de uma forma tão nova.





19 de outubro de 2007

Coisas que me irritam


Com todas as doses de egoísmo exacerbado que me constituem, irrita-me profundamente que me contrariem, vale-me, no entanto, a capacidade que tenho para convencer os outros de que o certo que defendem é errado.
Irrita-me ter que me levantar cedo, muito mais se o sol ainda não tiver despontado. Irrita-me ter que me deitar cedo, ou mesmo tarde, desde que sem sono… A cama sem sono, para mim, é pouco mais que um objecto de decoração!
Irrita-me que me escondam a verdade, mas irrita-me muito mais que inventem uma história, ou uma estória, para não só esconder a verdade mas acima de tudo a covardia de a encarar.
Irrita-me que me obriguem, ou tentem obrigar a falar. Prezo demais o meu espaço para que o invadam com chamadas e sms, mensagens e intromissões afins. Efectivamente o dito “pior cego é aquele que não quer ver” é mesmo verdadeiro. Não vale a pena disfarçar o nosso egoísmo e a vontade de sermos ouvidos com um “estava preocupado”, porque afinal, quando procuramos o outro é bem mais com o intuito de ser ouvido que de ouvir.
Irritam-me birras, caprichos e amuos, mas nos outros, entenda-se! É que me falta mesmo a paciência com uma birra ou um amuo pela frente. Talvez porque apenas a mim me reserve esse direito, ou talvez por, apesar de me reservar esse direito, evito-o porque sei o quão irritante pode tornar-se.
Irrita-me quando não me dizem bom dia, por exemplo. Ou seja, irrita-me a má educação dos outros, porque eu evito sê-lo, mesmo com quem a está a pedir.
Sei lá, haverá tantas outras coisas que me irritam…
Mas, neste momento, o que mais me irrita é esta insónia que me mantém acordado há horas! Pergunto-me se me fará falta sentir-te adormecer nos meus braços para me entregar a Morfeu.



Sono e seu meio-irmão Morte (Hipnos e Tânatos),

de John William Waterhouse (1874)


14 de outubro de 2007


Aguardo o pôr-do-sol numa contemplação alheia à beleza do mundo que me rodeia, e com as mão enterradas na areia fria, sinto o pulsar quente da terra nos meus pulsos, no meu sangue. Mas pouco me importa que o sol e o mar se toquem, porque o toque que aguardo é o da tua pele, o dos teus lábios, o do teu cheiro.
Junto a ti, partilho da beleza infinita do mundo, do nosso mundo, do mundo dos deuses, daquele mundo onde sonho se encontrarem as nossas almas, e vejo como se comovem os teus olhos na contemplação do devir dos elementos. E a mim nada me comove tanto como a força que emanas e me prende a ti.
O sol insiste em não partir… e aguardo…
Aguardo o toque, aguardo o beijo tímido, aguardo a hora em que te “perdes nos meus braços, no meu sorriso” e encontras o caminho para mim. E num gesto audaz, deixas os mundos seguirem os seus rumos e tens-me como teu, nos teus braços, nos teus beijos.
Vitorioso, o sol parte levando com ele o testemunho secreto de mais um passo dado para o encontro de duas almas que, havia tanto, se procuravam.
E no beijo que partilham Apolo e Posídon, um segredo é revelado, os nossos olhares cruzam-se, as nossas mãos unem-se, tentamos ouvir aquele segredo, tentamos desvendá-lo no oráculo das nossas almas, mas ficou para sempre perdido no abismo onde descansam os corcéis de Apolo.
Resta-nos a certeza de caminharmos juntos, lado a lado, na busca de um sentimento que nos complete… seria este o segredo?

10 de outubro de 2007

Defeitos

Hoje perguntaram-me qual era o meu maior defeito! Pois o que me saiu foi assustador (ou talvez não)!
Pois eu sou egoísta, caprichoso e mimado! Penso em mim antes de pensar em qualquer outro e em como um determinado acontecimento irá ou não satisfazer-me! E o meu egoísmo é daqueles terríveis porque está sempre cá e porque o amor que tenho por mim supera tudo e todos! E o meu capricho chega a ser mesquinho porque cada detalhe tem que ser meu, para ou por mim e claro, se depender de mim, é sempre à minha maneira, porque a minha maneira é que está bem, pelo menos para mim, e afinal sou eu que importo!
Sou vaidoso porque gosto de evidenciar todas as coisas que faço bem, porque sei que as faço bem e que quem as vir bem feitas terá necessariamente que me elogiar! E o elogio cai-me bem, faz-me crescer cá dentro ( e o egoísmo cresce…) e, ainda que às vezes me caia um “obrigado”, às vezes é mais por boa educação que por outra coisa!
Sou realmente assim! Quem me conhece, reconhece-me e reconhecer-me-á seguramente outros defeitos (sintam-se à vontade para os declarar), mas o meu primeiro post neste blog continua tão verdadeiro como no primeiro dia porque eu GOSTO DE MIM tal como sou, egoísta, caprichoso, mimado, vaidoso…

8 de outubro de 2007

Quero, definitivamente, voltar a beijar-te, voltar a sentir-te, voltar a tocar-te... E quero, finalmente, conseguir olhar-te nos olhos e descobrir-te!

30 de setembro de 2007


20 de setembro de 2007

Um cheirinho a Férias


Partenon - Atenas


Os moinhos de Mýkonos

Eu e o Matateu (não faço ideia do nome do gato) - Pension Matina - Mýkonos

16 de setembro de 2007

DIRECTAMENTE DE MYCONOS...
ISTO E' O PARAISO
RENATO

31 de agosto de 2007

Parto para o "Paraiso" dia 11 de Setembro!

Parto para o "Paraíso" dia 11 de Setembro! Com uma breve passagem por Atenas para beber um pouco da gloriosa cultura de que também somos feitos, espero, no dia do meu aniversário, avistar Mýconos, a bordo de um cruzeiro! Que esta terra me deixe voltar!





27 de agosto de 2007

Antes que digam "lá está este com a abertura de mais um desenho animado...", e apesar do Dartacão me trazer também algumas memórias de infância, o que importa aqui é a música! Ora, a música deste belo genérico, traz-me à recordação a queima das fitas de 2003 - Porto, onde em todas as noites andou um idiota qualquer agarrado a uma bengala, com uma cartola na carola e, graças ao estado de embriagues permanente (e não só), com um balão azul (era supé fashion - tinha uma sereia desenhada) atado ao pulso esquerdo! E perguntais vós, que não tivestes o prazer de ver o tal idiota em tais estados: "e porque é que esta musica te faz lembrar tudo isso?" Simples, o tal idiota, sempre que ouvia a música do Dartacão (muito em voga naquele ano) parava e começava a cantar e a dançar que nem um possuído! Era uma imagem no mínimo hilariante!

Para as minhas gajas (as primeiras e originais) - Manel, Luísa, Rute, Gui, Sofia, Sandra - o maior beijo do mundo!

P.S. O tal idiota era EU!

Sei que ainda me amas!

Sei que ainda me amas porque sei que ainda procuras o meu cheiro no meio da multidão, e quando algum desconhecido se aproxima, procuras nele o brilho do olhar que perdeste. Sei que ainda me amas pelas horas intermináveis que passas a falar de mim, a contar o que fomos, o que agora sonhas termos sido, pelas comparações absurdas que fazes em cada beijo que recebes, em cada abraço que te aperta, em cada momento de paixão. Sei que ainda me amas pelo desejo de todos os homens que te querem de que me evapore ou me torne em apenas mais uma fotografia rasgada.
Mas não, eu sou muito mais. Sou os carinhos que não te dava e o calor com que te amava, sou o manipulador frio e o amante mais sensível que encontraste! Sou o teu desejo reprimido no medo de errar, na vergonha de pedir, sou o que julgavas sobrar-te e que afinal te completava de uma forma tão subtil.
Sei que ainda me amas pela presença que tenho em ti, pela busca que fazes de mim, até mesmo pelo ódio que por mim nutres. Sei que ainda me amas e eu... bem, eu há muito que deixei de te amar.
Como diria a minha querida amiga Joana... "temos pena...ou não"

21 de agosto de 2007

Mais um cheirinho a memórias de infância!

"...Mil amigos deixarás aqui e além..."

20 de agosto de 2007

O delírio da espera


No delírio de um amor expectante
Flutuo na incerteza da espera
E lanço sobre o meu corpo inerte
Pétalas de crisântemos esquecidos
Secos em sepulturas de outros amores
Outras mortes

E ao toque da minha pele
Ambos ganhamos vida
Os crisântemos voltam a arder em vermelhos e azuis
E eu volto a arder no meu e no teu
No corpo que aguardo
Nos corpos unidos, húmidos e ardentes de todas as cores

E no delírio da espera
Ressuscito em mim
Cores que fui noutros corpos
Pétalas que sequei noutras mortes
Suores perdidos em leitos enxovalhados
E ressuscito-me a mim

Porque anseio seres em mim
O corpo
A alma
O calor
O abraço
O beijo
O cheiro
O toque
Em que deliro, flutuo e ressuscito.

11 de agosto de 2007


Abro os olhos
Cheguei ao fim.

Em meu redor param inertes
As arcadas do meu coração
Forradas de uma cor viva
Paradas num tempo
Para todos os tempos

Abri os olhos
Agora sorrio

Sinto-me feliz
Um pouco desconfortável, mas feliz
Eu morri.
E grito às almas que convidam a minha
À festa do infinito:

Levem-me ao descanso eterno
Levem-me á tormenta eterna
Mas não me deixem num mundo
Que não ouve o que digo
Que não se arrepia com os meus gritos
Que não olha para mim…

Que não viu que morri!

6 de agosto de 2007

O fim do teu amor


Escureço na insipidez
Do olhar morto que me deitaste
E tudo eu sou trevas e maus agouros
Todo eu esmoreço e desmaio
E caio na profunda languidez
Da certeza de não me amares como amaste

Tento beijar-te uma última vez
E os teus lábios encostados aos meus
Secos, quietos, sem vida
Atiram-me ao pranto seco do abandono

Já não sou teu
Já não estremeces nos meu braços
E as lágrimas que me humedecem o rosto
São para ti lágrimas de um estranho
De quem não entendes a dor

É tua esta dor
É teu este abandono
E teu este sofrimento
São tuas estas lágrimas
Porque foste tu que os ergueste
Nos alicerces de um amor que mataste
Um amor que julgava eterno
Que me juraste verdadeiro

Serei para sempre teu
Foi nos teus braços que me construí
E nos meus que te entregaste
Em tudo fomos um
E um eram o teu e o meu amor

E ainda que tudo tenhas enterrado
Continuas a ser um pedaço de mim
Perdido naquele desmaio, naquela morte
O fim do nosso amor.

2 de agosto de 2007

Memórias

Para o povo da minha geração aqui vai, não um cheiro cheio de memórias (a tecnologia ainda o não permite), mas dois vídeos que, seguramente, vão trazer à memórias, por exemplo, o cheiro do colo da mãe, quando, por uma birra qualquer se adormecia agarrado a ela, muito encostadinho, na partilha do sofá grande da sala!
Só mais uma referência a estes tempos... Oriana, Sérgio...Grandes aventuras as nossas!
Boa noite!

Vitinho - o primeiro

Vitinho

30 de julho de 2007

Infinito sonhado

O sol foge da minha varanda
E atrás do sol vem a lua
E sentada na lua vem ela,
A morte
E ao colo da morte vem ele,
O infinito
E no sonho do infinito vem algo…
O sonho do nosso amor

As pombas pousam no beiral da minha varanda
E cantam e esvoaçam
Ao verem a minha morte chegar.
Não, elas não choram
Nem tão pouco cantam a chorar
Porquê?
Belo, elas não vêem na lua a morte
Vêem na morte o infinito
Vêem no infinito o sonho
Vêem no sonho o Amor
E vêem no amor a minha paz.

E então eu sorrio
Salto para a lua
Dou a mão à morte
Rendo-me ao infinito
E talvez conheça a vida
No infinito sonhado da morte do nosso amor.

28 de julho de 2007

Cheiros



Procuro o teu cheiro
No meio do meu
Que por crime ou pecado
Inundou e poluiu o teu.

Procuro o teu cheiro
Cheiro que me dá prazer
Que me provoca desejo
Deixa-me louco
E eu amo tanto, tanto

Encontro o teu cheiro
E amarro-o
Amarro-te a mim
E amo-te
Amo-te
E amar-te-ei até o nosso cheiro ser
Um



Cheiros... Porque o cheiro faz farte de cada um de nós e porque cada um de nós é único. Grande parte das recordações que tenho estão associadas a cheiros. Lembro-me do cheiro a 'belharacos' na véspera de Natal, e das papas de abóbora uns dias antes ou uns dias depois. Lembro-me do cheiro da casa da minha mãe, uma mistura de carinho, praia e água do mar. Lembro-me do cheiro que tinham os meus sobrinhos, nas primeiras vezes que os abracei, um cheiro suave e cheio de um sentimento que não consigo explicar.
Lembro-me do cheiro das pessoas que amei, e estes cheiros, sempre que os sinto causam-se um arrepio tão profundo que diria que, de cada vez que acontece, trespassa-me o espírito daquele amor que morreu…
É estranha esta coisa dos cheiros! Cheguei à conclusão de que um amor é realmente consumado e efectivo quando o cheiro de cada um de nós passa a ser um, quando a minha cama deixa de ter o meu cheiro e passa a ter o nosso cheiro, quando ao entrar na tua casa me sinto a entrar na minha, quando todos estranham o meu cheiro porque está inebriado pelo teu!

27 de julho de 2007

Sê-me

A noite morna aquece o meu desejo,
Os lençóis frios arrepiam a minha pele,
E todo eu sou calafrios e suores
De desejos ardentes de paixões
E a lua lá fora
Ilumina o meu olhar sobre ti
E desvenda-me o teu corpo
Quieto, frio e adormecido para mim.
Aí, ao meu lado, ficas adormecido
E eu, num desejo cada vez mais morto
E mais vivo para o infinito de uma morte
Que me espera e me alcança
De cada vez que te olho, desejo, anseio.

Acorda para mim, para o meu desejo
Sê-me, tem-me em ti,
Rouba-me a esta morte que me almeja
Salva-me e ama-me
Ama, sim, tem-me, sê-me
E eu te juro, amor
Serei sempre teu
Amar-te-ei, desejar-te-ei
E acordarei sempre da morte fria
Para que juntos fujamos, escapemos
Ou, pelo menos, olvidemos
Esta morte que me trazem a noite morna,
Os lençóis frios,
A minha pele e os arrepios
De este desejo de te ser.

Gosto de mim


Eu gosto das estrelas a brilharem lá fora quando me sinto triste, de um sorriso no rosto de um desconhecido, de um champagne francês para comemorar uma vitória, de um ombro amigo para chorar uma derrota, do abraço de quem amo, do cheiro de quem quero, do olhar de quem desejo...
Gosto de um livro que me faça chorar, de uma história que me faça rir, de uma música para dançar e de outra para ouvir. De um quadro pintado com paixão e pelo qual me apaixone, de uma escultura cheia de sentimento ainda que não faça sentido.
Gosto do mundo, viajar, largar tudo sem olhar para trás, abraçar o desconhecido e apaixonar-me de olhos vendados. Descobrir que há gente tão diferente e tão igual a mim, paixões distantes e de ao pé da porta, beijos longos e chamadas telefónicas intermináveis.
Gosto de comer o que cozinho, beber um bom vinho e degustar a solidão.
Gosto de coca-cola.
Gosto da minha gata.
Gosto de pessoas leais.
...
Gosto de mim!